A água é dos povos e não de Belo Monte»: barragens e perdas de redes de sociabilidade das populações atingidas representadas em arpilleras amazônicas
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O artigo aborda os efeitos da perda de redes de sociabilidade para populações atingidas pela Usina Hidroelétrica Belo Monte (PA). A perda das redes de sociabilidade está representada
nas arpilleras amazônicas. Arpillera é uma técnica de artesanato têxtil feita por mulheres da Isla Negra (Chile) e que ressurge como instrumento de resistência durante a ditadura de Pinochet (1973-1990). As oficinas de arpilleras ocorriam no Vicariato da Solidariedade, entidade da igreja católica ligada à defesa dos direitos humanos. No Brasil, as oficinas foram trazidas pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (2012) como instrumento de denúncia por violação de direitos dos povos atingidos por barragens. De acordo com o relatório do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (2010), em relação aos povos atingidos, as mulheres estão em extrema condição de vulnerabilidade. O Coletivo das Mulheres do MAB objetivando dar visibilidade às perdas socioeconômicas e a violação de direitos, organizou oficinas de arpillera em nove estados do país para formação e capacitação. As arpilleras produzidas foram expostas no Memorial da América Latina (2015) e hoje reconhecidas internacionalmente pela curadora Roberta Bacic, as arpilleras brasileiras estão indexadas em Conflict Textiles. Nesse artigo analisamos os efeitos do deslocamento e da quebra dos laços de vizinhança para comunidades de Altamira, que antes viviam em casas de palafitas e hoje estão reassentadas no loteamento Jatobá. Parte desta história está registrada nas arpilleras, narrativas bordadas por mulheres que fizeram da costura um ato transgressor.
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